Como Formar um Leitor?

Existe coisa mais divertida que ler? Magia, fantasia e imaginação são apenas alguns dos elementos presentes nesses momentos, muitas vezes inesquecíveis. Porque então, as escolas formam tão poucos leitores e o gosto pelos livros ainda é uma raridade em nosso país?







Qual o contexto desse problema?

Os estudos apontam que o vilão dessa história é sempre o mesmo: misturar a literatura com atividades didáticas. Com razão, os estudantes não gostam quando precisam fazer resumos ou preencher fichas após a leitura de um texto.
Afinal, se a leitura deve provocar prazer e fruição, não há sentido em exigir tarefas que não tenham relação com isso. Estimular as múltiplas interpretações dos alunos privilegiando a construção de sentidos para os textos, estabelecendo relações com a realidade dos alunos e seus conhecimentos prévios e promovendo a construção de seu conhecimento por meio de atividades problematizadoras, deveria ser o objetivo da leitura.















Archive for maio 2010

Ler devia ser proibido!


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Opinião de professores sobre a formação do leitor


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Realizamos uma pesquisa informal com professores não apenas de Língua Portuguesa, mas também de diversas outras disciplinas curriculares e pedagogos, de 4 escolas, públicas e particulares, dos ensinos fundamental e médio, repassando-lhes a pergunta que moveu nossa pesquisa: “Como formar um leitor?”

As respostas dadas à pergunta puderam ser agrupadas, de forma geral, como expresso abaixo:

É interessante perceber que a extensa maioria dos educadores apresentou um bom conhecimento do assunto, respondendo de acordo com o que preconizam os instrumentos legais e os estudiosos do assunto, identificando a importância de se trabalhar com a maior quantidade de material de leitura possível. Esses 53% correspondem, em massa, aos professores de Língua Portuguesa, também a grande parte dos pedagogos e apenas alguns professores de outras disciplinas, que demonstraram compromisso com a formação integral do aluno.

Os 11% que responderam que se deve trabalhar a partir da vontade do aluno faz parte do grupo de professores de Língua Portuguesa e surpreendem ao demonstrar compreensão simplificada das teorias que discutem o tema.

Os professores das demais disciplinas, concentrados, em sua maioria, nos 16% que afirma não possuir subsídios teóricos para responder à pergunta, estranharam o fato de estarem sendo questionados a respeito do tema visto que, apesar de reconhecerem a existência do problema e afirmarem que tal fato afeta também o rendimento dos alunos nas disciplinas que lecionam, creem que a responsabilidade desse tipo de formação diz respeito à área das linguagens e, portanto, aos professores de língua portuguesa e literatura.

Houve ainda um grupo de 20% (envolvendo profissionais de todos os grupos ouvidos) que acredita que o problema de leitura dos alunos é apenas uma ponta do grande dilema vivido pela educação atualmente e, por isso, veem a necessidade de uma grande reforma no sistema de ensino antes que tal questão seja solucionada.

Retornando ao foco da pesquisa, em se tratando de habilidades de leitura, os estudiosos pregam que “esse conhecimento deve ser trabalhado didaticamente em sala de aula, oferecendo possibilidades para que os alunos observem e manuseiem muitos textos pertencentes a gêneros diversificados e presentes em diferentes suportes” (VAL, 2006, p.20). Desta forma, percebe-se que a maioria dos profissionais da educação entrevistados possui esse entendimento.

No entanto, espanta o depoimento de 11% professores de língua materna, que demonstraram interpretar de maneira equivocada as novas teorias sobre o ensino da leitura, acreditando que basta trabalhar a partir da vontade do aluno para que o problema seja resolvido.

Outro dado curioso é o grande número de professores de outras disciplinas que se isentam de responsabilidades quanto à formação do aluno como leitor e autor. Villardi (2005) ressalta que “dificuldades de compreensão afetam diretamente o desempenho do aluno, não só no que diz respeito à linguagem, mas em todas as áreas do conhecimento, e, o mais grave, durante toda a sua escolaridade”.

Os PCN+ do Ensino Médio (2006) apontam que “[...] o ensino de Língua Portuguesa, hoje, busca desenvolver no aluno seu potencial crítico, sua percepção das múltiplas possibilidades de expressão linguística, sua capacitação como leitor efetivo dos mais diversos textos representativos de nossa cultura”. Desta forma, confirma o resultado massivo da pesquisa mas, no entanto, a consciência dos educadores sobre o que é preciso fazer para minimizar o problema não tem trazido resultados efetivos na formação do leitor. Talvez ainda falte uma noção precisa de como essas teorias (já conhecidas pela maioria dos professores) - visto que 11% dos professores acreditam que basta seguir a vontade do aluno -, podem ser revertidas em atividades práticas para uma formação adequada e duradoura do hábito e do gosto pela leitura.

Referências:

BRASIL. PCN+ Ensino Médio – Orientações Curriculares Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Brasília: MEC/SEB, 2006.

VAL, Maria da Graça Costa. O que é ser alfabetizado e letrado? In: CARVALHO, Maria Angélica Freire de; MENDONÇA, Rosa Helena (orgs.). Práticas de leitura e escrita. Brasília: MEC, 2006. p.18-23.

VILLARDI, Raquel. Ensinando a gostar de ler e formando leitores para a vida inteira. 2ª. reimpressão. Rio de Janeiro: Qualitymark / Dunya, 2005.

Experiência de sucesso...


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Na Escola Municipal Jardel Hottz, localizada no Município de Nova Friburgo-RJ, os alunos são incentivados a freqüentarem a biblioteca com freqüência. Uma vez na semana os alunos têm acesso ao acervo de livros, que foram catalogados de acordo com o nível de leitura.
Segundo a Diretora Adriana da Rocha, muitos foram os apoiadores nesta caminhada – uma enorme gama de editoras, escolas particulares (em especial o Externato Santa Ignez), professores e comunidade – mas a parceria estabelecida com o Banco Itaú foi de fundamental importância para a realização de nosso sonho: proporcionar aos nossos alunos um maior acesso à leitura. Com o número de livros recebidos pelo Banco Itaú – quase 150 exemplares e uma linda estante móvel – a escola disponibilizou o empréstimo dos livros, tornando possível para as crianças e adolescentes da unidade escolar desfrutar da leitura em casa, compartilhando com suas famílias todo o aprendizado que um bom livro pode oferecer.
Nossa escola está em festa!
Ficou curioso? Acesse o blog da escola e conheça um pouco mais do trabalho desenvolvido com intuito de incentivar a leitura dentro da escola.
http://jardelhottz.blogspot.com/

Projetos e atividades de leitura por prazer devem…


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  • Ser um convite à imaginação;
  • Desenvolver a escuta atenta;
  • Prever situações de leitura em voz alta pelo professor e pelos alunos;
  • Ter como foco a leitura de textos literários;
  • Quando for pertinente, envolver outras linguagens, como música, pintura e cinema;
  • No caso de livros longos, promover a leitura do texto em capítulos (ou em partes), interrompida por desafios para os alunos.
  • Propor a leitura individual para estimular preferências e formar leitores autônomos.

Por que lemos tão pouco?


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Segundo a Câmara Brasileira do Livro (CBL), cada brasileiro lê pouco mais de dois livros por ano. Na Inglaterra, estima-se que a média seja de 4,9; nos Estados Unidos, é de 5,1. Outro dado preocupante: por aqui, o tempo médio dedicado à leitura não passa de 5,5 horas por semana, enquanto na Índia - um país em desenvolvimento cuja situação econômica é semelhante à do Brasil - a média é quase o dobro, de dez horas semanais. Por que lemos tão pouco? Há várias respostas, a começar pelo desconcertante grau de analfabetismo funcional.

O último Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado no início de 2008 pelo Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa, revela que apenas 28% dos brasileiros com idade entre 15 e 64 anos têm domínio pleno da leitura e da escrita - ou seja, conseguem ler textos longos, localizar e relacionar mais de uma informação, comparar dados e identificar fontes. Entre os 72% restantes, as habilidades de leitura e escrita são rudimentares ou básicas, limitando-se à compreensão de títulos, frases e textos curtos.

Outro fator que ajuda a explicar os índices precários de leitura no Brasil: até o final de 2007, 380 municípios de todo o país - cerca de 7% do total - simplesmente não contavam com uma biblioteca pública sequer. A situação já foi bem pior: em 2003, eram 1 173 as cidades sem esse serviço. No entanto, construir bibliotecas Brasil afora e enchê-las de livros não significa resolver o problema. É preciso preparálas para atingir seus objetivos, entre os quais destaca-se o de incentivar a leitura entre crianças, jovens e adultos. "Nos últimos 15 anos, passamos a encontrar livros em maior quantidade nas bibliotecas", afirma Elizabeth Serra, secretária-geral da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). "O problema é que, no Brasil, a rede de bibliotecas públicas é muito frágil. O sistema não foi informatizado, não há espaços planejados para os pequenos, os livros são antigos e não há renovação anual do acervo."